Saturday, December 05, 2009

Perdas e ilusões.


Tenho ouvido muitas pessoas falando das perdas. São perdas as mais diversas: de contatos mais frequentes com amigos, de identidades, de oportunidades, de dinheiro, de ética, de peso, de tempo etc. Não vou perder meu tempo em relacionar todas as perdas que tenho ouvido as pessoas falarem. Quero falar de alguns ganhos que tive com as perdas.
Perdi a ingenuidade da crença no canto das sereias burguesas de plantão, que insistem em manter a sua incompetência sob a cortina de uma organização política amparada na vibração instituida dos seus subalternos, sempre prontos a dizer sim. O mando necessita do falso riso e da necessidade para existir.
Percebi que ganhei outra dinâmica pessoal cheia de perdas, mas com a certeza de ganhos que lentamente se apresentam como consistentes e reais.
Perdi o que acreditava ser 'irmandade", "parceria" e ganhei o resgate e a solidez de antigas amizades. Começo a desconfiar que não perdemos aquilo que não tivemos.
Perdi Recife com seus tubarões (não só os marinhos) e ganhei o aprendizado em terras cearenses com muitos arranhões.
Perdi o bom-humor. Ganhei a reflexão. Me lamento um pouco com esta troca.
Perdi? Não sei.
Perdi a ilusão. Ganhei a ação.
Espero ganhar pelo menos um comentário do Arley sobre este texto.

Para aqueles que perdem um pouco do seu tempo lendo o meu blog.

Wednesday, July 22, 2009

Amigos, amigos, amigos. Texto de Francival Pires Pereira.


Este texto é de um grande amigo que me enviou por e-mail e permitiu que eu o publicase neste blog. Boa leitura! (Francival é o de camisa verde)


Ontem (20/7) foi comemorado o Dia Internacional da Amizade. Em função disso recebi algumas mensagens dos meus queridos amigos. Estou envelhecendo e ficando um pouco rebelde, acho que muito - rebelde. Desta forma tenho me rebelado no que diz respeito a estas datas comemorativas, tipo: dia das mães, dos pais, Natal, etc... Como todas são datas inventadas, e não tendo sido consultado no dia da invenção, estou reinventando. Tanto que já combinamos lá em casa que comemoraremos o dia das mães em qualquer outro domingo ( a combinar) menos no dia em questão. Há inúmeras vantagens, dentre elas, restaurantes vazios com um atendimento decente, estacionamento disponível, comida bem feita, etc... sem contar, que se for o caso de presentear não irei ao Shopping lotado. Bom, são coisas de gente rebelde..... Imaginem vocês ir a cemitério em dia de finados, nem pensar. Afinal de contas o falecido estará disponível em qualquer outro dia, não é verdade? Por qual razão devo seguir o rebanho nestas datas puramente comerciais? Não. Comigo não, violão.

Todo este preâmbulo para falar com os meus amigos sobre o referido “Dia dos Amigos”. Começa que amigo que se preza está sempre de plantão, não tem folga. Para vocês terem uma idéia passei 17 anos sem encontrar um querido amigo de Belo Horizonte e este tempo e a distância em nada afetou a nossa amizade. Amigos se alegram com o sucesso dos amigos, com as suas conquistas, formam-se juntos, compram seus bens juntos. Coisa boa é ter amigo com casa na praia e outra na serra, sempre há um lugar diferente para passar o final de semana. E aqueles amigos com os quais passamos o Reveillon em Pernambuco, sensacional. Lembrei de um amigo queridíssimo, o pai do Lucas, que com as bênçãos do nosso Deus todo poderoso será tão maravilhoso quanto o seu pai. Há também aquela amiga de Croatá com duas filhas lindas, sem contar a minha comadre ( a minha afilhada completou 15 anos e ainda não fui visitá-la – ô padrinho sem futuro). Há também os amigos intelectuais com doutorado e tudo, só gente boa. Há os amigos da internet, da faculdade, do trabalho voluntário. Todos com suas particularidades, por isso são tão especiais. Há a amiga poetisa de Baturité com um enorme coração de mãe e de avó. Tenho uma amiga Carmelenga (autoridade indiscutível na hierarquia da Igreja Católica). Tenho amigos que oram por mim diariamente nos seus momentos de encontro com Deus. Tenho uma amiga especial que não pode ler por não poder enxergar, mais é a pessoa com a visão mais aguçada que conheço. Tenho amigos que nem conheço pessoalmente mais que são tão queridos. Há uma amiga de Brasília, bem pertinho daquela politicagem, arre...... Há uma amiga que é secretária de um véi (ô véi chato). Semana passada um amigão de São Paulo veio de férias com sua mãe de 80 anos – que dupla do barulho..... Há um amigão de São Paulo que só vive nos Estados Unidos e México, ô homem difícil de encontrar..... Há aqueles tão especialmente especiais (vixe) que não tem como comentar, lá pelas bandas do Henrique Jorge e João XXIII.

Mais o bom de tudo isso é que em graus diferenciados preciso muito destes amigos. Sem eles eu não seria o que sou. A eles devo a minha sanidade e alegria de viver. Como diria o meu amigo Roberto Carlos: “Como a abelha necessita de uma flor, eu preciso de vocês e desse amor.....”

Por último, mas não menos importante, o meu amigo de todas as horas, Jesus de Nazaré, cabra arretado de bom, gente da gente, camarada querido e carinhoso. Os meus amigos, cada um a seu modo, se parecem muito com Jesus, talvez seja por isso que os amo tanto.

Como não estou fazendo redação para vestibular vão relevando os possíveis erros de regência verbal ou concordância nominal, kkkkkk.

Sem mais. Com valorosos votos de estima e consideração.
Um beijão e um abração para todos vocês.

Francival Pires Pereira

Tuesday, May 26, 2009

Quase

Sempre achei o "quase" meio enigmático, afinal anuncia possibilidades e de certa forma nos move.
São tantos "quase"... O "quase" morri de amores (este sempre um exagero poético e um tanto patético), o "quase" ganhei o prêmio na loteria, o "quase" não parei de falar etc.
Costumo dizer aos meus alunos que o quase é um nada e ao mesmo tempo um tudo. Não é meio nem fim, mas se faz importante e necessário porque incomoda, questiona, machuca.
E eu aqui, quase esboçand0 um texto. Quase te dando um beijo. Quase esquecendo as mágoas.
O quase é necessário...
Para mim, quase no limite.

Friday, April 10, 2009

Proximidade/Distanciamento: a moeda em questão.




Para os cristãos, Sexta-Feira Santa, também conhecida como Sexta-Feira da Paixão. Todo dia é dia da paixão. Nenhum dia é santo.
Neste dia alguém me pergunta por quais motivos estou tão distanciado de algumas pessoas que me são (ou eram) muito caras. Não respondo e penso nas moedas. Dois semblantes em uma mesma prensagem. Perspectivas diferentes aonde um lado jamais encontra o outro. Um lado, no entanto, não existe sem que o outro seja chamado à ordem. Os lados são opostos e apresentam um mesmo valor.
Para que houvesse uma aproximação mais aprofundada entre “cara” e “coroa” seria necessário derreter o material bruto que produz a moeda e assim ela deixaria de existir. “Cara” e “coroa” então perderiam as suas identidades, suas funções. Morreriam.
A morte as uniria. Melhor permanecerem em uso e distanciadas, assim se dizem tão próximas.
Os dois lados de uma mesma moeda só se aproximam porque nunca se encontram. Para que sair da padronização?
Os desencontros promovem encontros. Sei disto.
Para Teresa, de Niteroi. A distância entre as cidades nos aproxima via e-mails.

Friday, April 03, 2009

Texto do site www.ultimainstancia.uol.com.br

Enquanto procuro inspiração para o novo texto, segue uma boa polêmica publicada hoje no www.ultimainstancia.uol.com.br . Boa leitura e reflexão. Comentários podem ser colocados na fonte original. O site tem boas discussões sobre decisões judiciais e funcionamento da justiça brasileira. Segue o texto copiado de lá:
Lula é processado por colocar culpa da crise em “brancos de olhos azuis"
Uma declaração polêmica pode levar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a se explicar na Justiça. O STF (Supremo Tribunal Federal) recebeu nesta quinta-feira (2/4) uma ação em que um homem pede que Lula se retrate por ter dito que a crise econômica mundial foi “fomentada por comportamentos irracionais de gente branca, de olhos azuis”.Clóvis Victório Mezzomo, o autor da ação, diz ter se sentido ofendido pessoalmente e quer que o presidente justifique porque as causas da crise mundial decorrem de “razões genéticas”, em uma postura que considerou racista.Segundo o advogado do escritor, Adriano Mezzomo, o presidente Lula deverá prestar explicações formais perante o Supremo do porque "ser branco é pecado"."Manifestações raciais não podem ser levadas na brincadeira. Nossa Constituição Federal veda qualquer tipo de discriminação", diz o advogado, que é filho do autor da ação.Para ele, atribuir a culpa de uma crise ecnômica global a um fator genético e a uma etnia é uma afirmação no mínimo "equivocada".A reportagem de Última Instância entrou em contato com a Presidência da República, que por meio de sua assessoria disse preferir, por enquanto, não se manifestar.O STF informou que a relatoria do processo ficará a cargo do ministro Celso de Mello. Ainda não há previsão de julgamento ou de notificação do presidente Lula, que se encontra em viagem no encontro do G20.Clóvis Mezzomo é autor do livro "Da Sua Vida e dos Seus Sonhos", em que conta como enfrentou a falência de sua empresa e dá dicas de como sair da crise financeira.Olhos verdesBrasileiro de ascendência italiana, Mezzomo diz ser branco de olhos verdes, e quer saber por que “uma raça ou etnia portadora de genes recessivos é culpada pela crise internacional, mais especificamente a ‘gente branca, de olhos azuis’”.Na ação, o escritor, jornalista e consultor empresarial diz ainda que nasceu em Caxias do Sul, tendo sido criado em Estância Velha, também no Rio Grande do Sul. Ele alega que trabalhou desde a infância cercado por homens e mulheres de “pele branca e olhos azuis”, que teriam contribuído para o desenvolvimento da região tanto quanto negros índios e descendentes de europeus ibéricos.Mezzomo destaca que a legislação brasileira refuta categoricamente a prática de racismo, a começar pela própria Constituição Federal. Ele cita na petição de Interpelação Judicial o preâmbulo e o artigo 5º da Carta Magna, pelo qual “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” e o inciso XLII, para o qual “a prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível”.
Sexta-feira, 3 de abril de 2009

Tuesday, March 10, 2009

O direito a que, mesmo?

“Bispo Excomunga Família e Médicos que ajudaram a realizar o aborto na menina de 9 anos, em Recife”. A manchete estampada em vários jornais brasileiros na última semana retrata a história de uma criança pernambucana que foi violentada pelo padrasto e que, consequentemente, engravidou. A família da vítima, amparada por orientações médicas, optou pelo aborto levando-se em conta que a Legislação Brasileira permite a interrupção da gravidez nos casos de estupro e riscos para a gestante. A menina se encaixava nos dois quesitos. Não havia escolha!
No entanto, a notícia chamou a atenção pela forma radical com que a Igreja Católica agiu neste caso. Só a “Excomunhão” não fazia sentido. Para completar a ação punitiva aos que acreditam nos valores cristãos e impedir qualquer debate mais elaborado sobre temas como violência, mulher, saúde pública e solidariedade, a Igreja reforçou através do seu representante local que não excomungou também o agressor que brutalmente engravidou a criança por considerar este um crime menor que o aborto, pois não feriu o direito á vida. O direito à vida é ferido por crimes de diversas ordens, inclusive o da imposição das ações individuais ou coletivas.
A comparação apresentada pela instituição religiosa foi no mínimo, lamentável. Porque não dizer, idiota? Mais uma vez a Igreja mostrou-se incapaz de dialogar com a sociedade de forma clara, inteligente e menos alienada. Mostrou traços da veia autoritária que insiste em preservar mesmo que a sociedade diga não a esta prática danosa no mundo atual.
A Igreja Católica optou pela imposição da força do jargão “Direito à Vida” em meio aos “Mortos de Cidadania” que lidavam com as conseqüências da violência cotidiana. Esperava-se da instituição religiosa – e não só dela – uma atitude mais respeitosa em relação ao sofrimento da família da menina que também não teve direito à vida por inteiro. O direito à dignidade mostrou-se ferido, o direito a escolhas sensatas apareceu anulado, o direito a ter direitos, perdido.
Há de se considerar ainda que o Estado apareceu, neste caso, como eficiente e solidário no atendimento a criança vítima do estupro ao mesmo tempo em que não conseguiu mostrar-se suficientemente habilidoso para evitar este e tantos outros crimes que recheiam as estatísticas diárias dos números da violência em nosso País. O Estado é contraditório, falho, mas democrático. Conseguimos dialogar com Ele.
O momento é de cobrar abortos de imposição de pensamentos únicos, recortados, impostos. Opinião não se impõe, se discute, se forma por meio de argumentos. A Igreja criou um peso para os pobres cristãos envolvidos na excomunhão midiática e não tomou nenhuma medida para que este fato pudesse ajudar na construção de um debate mais justo sobre temas diversos. É hora de a Igreja olhar para trás e rever alguns dos seus conceitos. Talvez vire sal. Melhor assim!

Saturday, January 24, 2009

Sanfonas, emoções e amizades (Parte Final)



“Ainda bem, que você vive comigo...” Vanessa da Matta avisa a Mené que Fausto está querendo falar com ele ao celular.

- Oi, Fausto. Tudo bem?
- Sim, mas não consegui encontrar o sanfoneiro que mora aqui pertinho da minha casa. Dizem que ele está fazendo shows pelo interior do estado. Agora não tem mais jeito. O negócio é ligar para o Cecêu e dizer que não vai dar mesmo.
- Nem pensar! Dei minha a minha palavra de que iria arranjar este sanfoneiro e não vou desistir.
- Se eu conseguir alguma coisa, volto a te ligar. Se não tiver nenhuma novidade, te encontro no cemitério mais tarde.
Mené levanta, toma café rapidamente e vai a lan house de Pedro, que fica ao lado da sua casa. Entra vagarosamente e ao ver o vizinho vai logo perguntando:
- Pedro, você conhece algum sanfoneiro?
- Vários! Acho que o Dominguinhos é o mais famoso de todos. Também gostava muito do Luiz Gonzaga. Este era bom demais. Quando tocava “Asa Branca” eu me emocionava. Mas porque a pergunta, Mené?
Mené passou cerca de um minuto sem fala e sem atitude. Exercitou a paciência em um tempo que parecia uma eternidade e didaticamente respondeu a Pedro:
- Pergunto se você conhece algum sanfoneiro que possa tocar uma música mais tarde em um evento. Sanfoneiro aqui do bairro ou da cidade.
Mené não queria dar mais detalhes e buscava encurtar a conversa. Pedro segue o diálogo: - Que evento? Quanto tempo? Conheço uns meninos ali...
- Um velório. Pronto, é um velório e é para tocar uma música apenas.
- Estás doido, Mené? Bebeu de novo? Dizem por aí que você não usa drogas. Tô te achando meio estranho...
Mené, que não perde a compostura com facilidade, lembra de Cecêu em Brasília e tem vontade de matá-lo por causa do pedido da homenagem póstuma ao avô. Olha firmemente para Pedro, fica calado e diz: - Então ligue para os tais meninos e veja se eles podem tocar “Asa Branca” no velório de hoje à tarde. Volto daqui a pouco para saber a resposta.
Em menos de dez minutos, Pedro anuncia a Mené que não deu certo “fechar o contrato” com ninguém e complementa: - Um dos meninos falou que só vai se for para tocar muitas músicas. E ele não vai sozinho, quer levar as bailarinas também. Promete que se fecharmos contrato com eles, pede para que elas ponham “uns panos a mais” nas roupas que vão usar.
Mené não sabe mais o que fazer, passa a pensar em suicídio e deixar um bilhete pedindo a Cecêu que providencie uma apresentação de “Dança do Ventre” para dinamizar o seu velório também. Volta para casa angustiado pois o tempo conspira contra a sanfona. Encontra a mãe e a irmã tomando café. Come mais um pedaço de tapioca e comenta com elas o seu dilema. A irmã é a primeira a falar:
- Não sei pra que tanto stress. Se não arranjar ninguém, a gente leva um aparelho de som, põe a música e tudo fica resolvido. É bom que “Asa Branca” foi gravada por muitos artistas. A gente pode fazer uma seleção bem legal e colocar um CD junto ao defunto.
Há um silêncio meio cômico, mas é necessário respeitar o sentimento de tristeza de Cecêu. A mãe de Mené também estava inspirada e diz:
- Meu filho, não se preocupe com isto. É só ver os classificados dos jornais que tem pessoas que fazem este tipo de apresentação. Vamos ligar?
Dona Ednira pega rapidamente o jornal e o telefone e liga para um grupo de artistas que anunciava este tipo de serviço no jornal. Enquanto ela liga, Mené amadurece a idéia de suicídio.
- Alô? Vocês tem sanfoneiro aí? Ah, tem? Que bom... preciso de um para tocar em um funeral hoje a tarde... Não, não é brincadeira, estou falando sério... Assim o senhor está me ofendendo...Não, não quero violino... É “Asa Branca”, o senhor não escutou direito?... Deveriam não anunciar serviços se não sabem atender bem. Até logo!
Dona Ednira fica quieta por alguns segundos, abre um sorriso tímido e diz:
- É meu filho, não deu certo. O homem riu muito e até debochou de mim. Tive vontade de rir também. Quem sabe se aceitássemos o violino. É lindo de morrer.
A irmã de Mené completa:
- Não sei porque não querem o CD. Não pode ser violão? Todo mundo sabe tocar violão. Tem que ser sanfona mesmo?Ô povo complicado. O homem já está morto. Mais vale a intenção...
Mené sente-se angustiado com o sentimento de que morreu na praia. Sequer liga para Cecêu para dizer que não pode atender ao seu pedido. “Sanfona”, “Sanfona”, “Sanfona”. Estas palavras não saem da sua cabeça. Resolve, então, ligar para a mãe do seu melhor amigo para confortá-la um pouco e dizer da intenção do seu filho em prestar uma homenagem ao pai dela. Ela agradece e diz que espera encontrá-lo no sepultamento do Vô Chico no final da tarde.
Ao cair da tarde chegava ao cemitério um pequeno grupo com uma sanfona, um triângulo e um pandeiro tocando “Asa Branca”. Ao lado dos músicos, um caixão com coroas e mensagens póstumas. Vô Chico seguia para a eternidade com um público bem numeroso. Uma multidão acompanhava a música, algumas pessoas dançavam, outras choravam, outras estranhavam tal atitude e Mené ficou surpreso ao ver tal movimento. Quem teria conseguido a homenagem ao Vô Chico que fora pedida a ele? Sentiu-se um inútil e martirizava-se por isto. Queria morrer também. Pouco tempo depois, a mãe de Cecêu revelaria o mistério:
- Meu filho, se você tivesse me ligado antes falando do desejo do Cecêu prestar a última homenagem ao meu pai, eu teria ligado logo para este pessoal que é quase da nossa família. Ainda bem que deu certo. Foi uma homenagem linda. Cecêu nunca vai esquecer que eu consegui os músicos para ele.
Ela deu uma olhadinha para Mené como quem diz: “Simplifica as coisas, meu filho. Simplifica”.

Para Majela e sua família de Itapajé/CE.