Tuesday, July 29, 2008

Pendências


Alguns amigos me criticam e dizem que eu sempre deixo pendências por resolver. Os amigos mais próximos quase me matam por eu sempre deixar, como eles mesmos dizem, "as coisas para depois". Detesto coisas instântaneas, prefiro sempre as que chegam depois.

Tenho pensado no assunto ultimamente e creio que estas pessoas que fazem parte da minha vida estão com a razão. Finalizar ações é algo que me custa muito. Um amigo me disse que eu tenho que ter atitudes e iniciativas. Na opinião dele eu "só" tenho atitudes. Não entendi nada do que ele quis dizer, mas fiz aquela cara de que vou mudar definitivamente em pouco tempo para fortalecer a boa amizade . Quero ter atitudes e iniciativas, assim me sentirei mais.. mais... sei lá o que.

Então comecei uma série de exercícios para finalizar este meu "ar" incloncusivo que incomoda tanto os meus amigos. Amigos nasceram para serm incomodados, senão não seriam amigos, não é mesmo?

A reflexão sobre pendência tem me acompanhado estes dias. Ontem fui ao Banco do Brasil fazer uma operação bancária posível apenas na agência onde mantenho minha conta. Ao chegar, peguei uma senha de atendimento que cntinha o meu número de atendimento, o nome de um funcionário que é "meu gerente de relacionamento" (peraí que eu vou dar uma risadinha crítica). Na senha de atendimento do banco havia a informação de que os guinchês disponíveis para o atendimento eram os de núm,eros 01 a 05. Só havia atendimento nos guinchês de números impares. Acho que não resolveram esta pendência no banco. "Querem enganar o consumidor", diria a minha tia Josélia.

Enquanto aguardava atendimento na agência bancária, contente por resolver mais uma questãopessoal e com isto deixar os meus amigos felizes, fiquei observando o movimento e a conversa da pessoas naquele momento. Na minha frente havia uma faixa celebrando os 200 anos de especulação (digo, criação) do BB. Na faixa, acredite, estava escrito "Happy Birthday"! Juro que sou míope, mas sei definir bem o que é língua portugues das demais. Olhei a faixa e pensei comigo: "não acredito". Não pensei masi nas minhas pendências, mas na dependência econ?ômica que de forma fanatasiosa aparecia naquela faixa. alguns aniversários não foram feitos para serem celebrados mesmo.

Entre uma pendência e outra, comunico aos milhares de leitores (Thiago, Lussandra e Arley, vocês valem por mil) que o meu período de vivência em BH está se esgotando. Falo sobre o assunto no próximo texto.

Moral da hitória: entre as pendências e a dependência, fico com a primeira, que pode significar ação. Sou um homem de atitudes e de amigos pacientes.

3 comments:

Unknown said...

Querido Paulo,

Infelizmente não poderei estar presente, juntamente com os demais convivas, numa (triste)feliz despedida: triste porque me afastarei espacialmente de um amigo querido e feliz por que sei que estarás melhor nos seus caminhos futuros.
Sendo assim, o que me resta é desejar-lhe muita saúde e muita paz, esperando revê-lo em breve, numa esquina da vida, ou num bar de Recife. Um enorme e fraternal abraço. Venilson Luciano

Unknown said...

Paulo,

O escritor uruguaio Eduardo Galeano é pura sensibilidade. No texto “O direito de sonhar”, me faz lembrar você. Escrevendo sobre sonhos, ele apresenta algumas frases particularmente inquietantes. No início do texto, argumenta:

“Sonhar não faz parte dos trinta direitos humanos que as Nações Unidas proclamaram no final de 1948. Mas, se não fosse por causa do direito de sonhar e pela água que dele jorra, a maior parte dos direitos morreria de sede”.

E sonhando alto, ele provoca muito à moda Paulo Henrique. Eis alguns exemplos:

“O mundo, que hoje está de pernas para o ar, vai ter de novo os pés no chão”.
“Nas ruas e avenidas, carros vão ser atropelados por cachorros”.
“Os economistas não chamarão de nível de vida o nível de consumo, nem de qualidade de vida a quantidade de coisas”.
“Os cozinheiros não vão mais acreditar que as lagostas gostam de ser servidas vivas”.
“O mundo não vai estar mais em guerra contra os pobres, mas contra a pobreza”.
“Ninguém vai morrer de fome, porque não haverá ninguém morrendo de indigestão”.
“Os meninos de rua não vão ser tratados como se fossem lixo, porque não vão existir meninos de rua. Os meninos ricos não vão ser tratados como se fossem dinheiro, porque não vão existir meninos ricos”.
“A polícia não vai ser a maldição de quem não pode comprá-la. Justiça e liberdade, gêmeas siamesas condenadas a viver separadas, vão estar de novo unidas, bem juntinhas, ombro a ombro”.
“Todos os penitentes vão virar celebrantes, e não vai haver noite que não seja vivida como se fosse a última, nem dia que não seja vivido como se fosse o primeiro”.

Mas, é em “O Livro dos Abraços”, que Eduardo Galeano mexe mesmo com meus brios. É como levar um tapa na cara e ter que agüentar. Ele traz dezenas de histórias que ele ouviu ao longo de suas andanças pelo mundo. E aí, eu me vejo andando lá no Vale do Jequitinhonha, antes um conceito geográfico para mim e hoje um meio de entender a complexidade da vida. Veja:

“Un hombre del pueblo de Neguá, en la costa de Colombia, pudo subir al alto cielo.
A la vuelta, contó. Dijo que había contemplado, desde allá arriba, la vida humana. Y dijo que somos un mar de fueguitos.
— El mundo es eso — reveló —. Un montón de gente, un mar de fueguitos.
Cada persona brilla con luz propia entre todas las demás. No hay dos fuegos iguales. Hay fuegos grandes y fuegos chicos y fuegos de todos los colores. Hay gente de fuego sereno, que ni se entera del viento, y gente de fuego loco, que llena el aire de chispas. Algunos fuegos, fuegos bobos, no alumbran ni queman; pero otros arden la vida con tantas ganas que no se puede mirarlos sin parpadear, y quien se acerca, se enciende. Livro dos Abraços - Eduardo Galeano - (p. 13)

Vai Paulo Henrique! Você não fica quieto mesmo... Mas nos leve contigo, porque você ficará conosco para sempre.

Grande abraço do Vanderlei

Arley Haley Faria said...

O Paulo é o trantante mais enrolado e querido que eu ja conheci. Querido é adjetivo? Se for, não compensa os dois primeiros.
Paulo, o ser migrante.