Pescar nunca foi uma das minhas atividades favoritas. Por um bom tempo morei em cidades em que esta atividade era parte do cotidiano das pessoas. Lembro que quando ainda era criança, via os pescadores organizando todo o material para mais um final de semana com amigos. Na minha mente ficou a idéia de que pescaria sempre ocorre em grupo. Não sei se esta conclusão pessoal está correta.
Pois bem, no último sábado, dia nublado aqui em Belo Horizonte, liguei para um colega para saber o que poderíamos fazer no feriado "imprenssado" e ele respondeu: "vamos a um pesque e pague no inerior?" "Você vai gostar", garantiu ele.
Eu que pensava em ir a cinemas, restaurantes, shoppings ou mesmo dormir o dia inteiro, aceitei a proposta. Já me imaginava um verdadeiro predador de peixes em plena Minas Gerais. Pouco mais de meia hora depois de ter falado com o meu colega, estávamos a camino do tal "pesque e pague". Este foi o primeiro momento divertido do dia: descobrir o caminbo que nos levava até o destino final. Luiz, o meu companheiro de pescaria, falava das pessoas que víamos ao longo do caminho, da paisagem que se apresentava na estrada, da importância da pescaria para ele etc. Segundo ele, pescar faz um bem danado, nos deixa mas tranquilos e é um divertimento barato. "A gente sái do stress", complementou ele.
Chegamos ao tal "pesque e pague". Lugar mais bucólico não tenho visto nos últimos anos. Patos, galinhas, um grande lago, diversas pessoas conversando e um pequeno bar e restaurante. Mas, é tem um mas, a dinâmica do funcionamento do lugar tomou jeito de negócio, de comércio. Disto eu não sabia.
Chegamos, pegamos cada um o seu material (vara, anzol, iscas, copos, isopor e cerveja). Perguntei ao Luiz cadê as minhocas e ele deu uma gargalhada. Respondeu que peixe hoje não come mais minhocas.
Levei um susto. Peixe não come mais minhocas? Galinha não come mais milho? Coelho não come mais cenoura? O mundo tá perdido mesmo. Luiz explica que os peixes agora comem ração, assim como os cachorros e gatos. Tem, segundo ele, uma ração especial que garante a pescaria: a de sabor de tutti-frutti. Achei que ele estava mentindo, mas era verdade. Iniciamos a pescaria.
Outro detalhe me chamou a atenção: os pescadores não seguram mais as suas respectivas varas, há uma pequena argola de ferro chamada "secretária" que faz esta função. As mãos dos pescadores agora só se ocupam dos copos de cerveja.
Pergunto se ali tem muitos peixes (vou deixar de perguntar tanta coisa) e o Luiz responde: "claro, os donos repõem o estoque de peixes todos os dias. Tá vendo aquele reservatorio ali? É o lugar onde ficam os peixes que vem pra cá depois". Me senti mais burro ainda. Pensei que havia um lugar para a pescaria e que a quantidade de peixes não era garantida pela reposição do dono.
Tomamos duas cervejas e nada de pegar nehum peixe. Puxávamos as varas e não havia mais isca alguma. Os peixes aprenderam a comer sem serem fisgados. São os peixes-políticos. Reclamei com o Luiz que não havia peixe e ele pediu calma. Disse para não me preocupar pois os peixes iriam aparecer. Caso o dono perceba que não há estoque suficiente de peixes, ele libera mais. No pesque e pague é assim, ninguém sai frustrado.
Mais uma cerveja e nada de peixe. Fui ficando sonolento e deixei a vara estendida na tal "secretária". Nem olhava mais se havioa isca, pois tinha certeza que os peixes havia comido tudo sem serem fisgados.
Um peixe politicamente correto movimentou a vara de pescar do Luiz. Fizemos festa. Um peixão de aproximadamente, um sapato tamanho 42. Achei muito pequeno e falei para jogarmos no lago de novo e pegarmos outro. Isto não é possível, se você pesca tem que comer ou levar para casa. Pedimos para assar o tal peixe tilápia tamanho pé 42 e a cozinheira nos oferece outro já disponível na cozinha. Aceitamos. A fome era grande.
A pescaria está encerrada. Falo que quero continuar mas o Luiz diz que não podemos ficar apenas nos divertindo. Se pegar um peixe não podemos devolvê-lo ao seu habitat natural. É necessário comprá-lo. Fiquei surpreso com tal conclusão. A partir daí o pesque e pague transformou-se apenas em um bar e resataurante. As nossas varas, as iscas e os anzóis parados. Vontade de desobedecer as ordens não me faltou. Aproveitei para descansar, conversar com o Luiz e ver os pescadores de ilusão contentes com as suas práticas orientadas e baseadas no consumo apenas. "Como pode um peixe vivo viver fora da água fria"? O verso da música traduz um pouco a lógica do capital. O mesmo capital que estimulou momentos de interação enter eu e o meu colega.
Não pesquei nenhum peixe. Acho que não sou pescador mesmo.
Luiz, este texto é dedicado a você, pescador de bons sentimentos.
3 comments:
É, Paulo... só posso mesmo dizer PARABÉNS pelos seus textos!
Paulinho,
Tô perdendo a vergonha de escrever em blog's e resolvi comentar. Esse tá bom de mais, pesque pague realmente é o auge dessa sociedade de consumo, onde tudo tem um preço.
As vezes isso se transforma numa metáfora de vida também, vamos pagando, pagando. Quero ficar caloteira de algumas coisa.
Saudade, muitos beijos.
Bianca
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