Saturday, February 16, 2008

Lupa: outros olhares sobre os lugares por onde passamos.

Lussandra é uma dessas amigas que todos deveriam ter: é simpática, organizada, solidária nos momentos em que estamos passando por momentos ruins. Enfim, Lussandra é Lussandra.
É com esta amiga que tenho dialogado bastante nos últimos meses e hoje trabalhamos juntos em uma mesma faculdade. Com a nossa proximidade, inclusive a de moradia, eu e a minha amiga saímos para alguns locais de Belo Horizonte nestas férias. Resolvemos, então, deixar algumas impressões sobre os lugares pelos quais passamos. Ir além dos mesmos comentários que os jornalistas fazem quando vão a cinemas, padarias, teatros e praças. Resolvemos observar com mais profundidade os lugares que passamos. Acho que os leitores vão gostar da nossa proposta. Assim, comentamos agora algumas impressões que tivemos sobre o supermercado Extra-Belvedere, uma cafeteria chamada Sagrado e outra chamada Santa Sofia. Todos os estabelecimentos estão localizados na chamada “área nobre” de BH.
Era quase final de dezembro do ano passado. Havia um trabalho de campo por fazer com os alunos da faculdade e combinamos que o ônibus que nos levaria até a cidade de Ouro Preto ficaria estacionado no supermercado (hipermercado?) Extra-Belvedere. O horário de saída estava marcado para 7:30h. Ingenuamente, combinamos que tomaríamos um café ou faríamos um lanche no Extra que funciona 24h.
Surpresa geral: para chegar ao centro de compras, fizemos logo uma pequena caminhada, pois as esteiras rolantes não rolavam, estavam paradas, desligadas. Lusandra seguia no ritmo da lebre e eu no ritmo da tartaruga. Havia mais uma lebre conosco: o coordenador do curso que iria conosco para a atividade com os alunos. Lá estavam, então, duas lebres e uma tartaruga prontos para fazerem um lanche matinal antes de um dia de trabalho. Esteira rolante funcionando não havia.
Lussandra e o coordenador do curso sugeriram que eu utilizasse um dos carrinhos de compras projetados para pessoas com alguma mobilidade motora. Havia três disponíveis. Escolhi o mais novinho e me senti o Fernando Allonso do dia. Pensei em deixar as duas lebres no chinelo e pegar o meu café bem antes deles. Como sou criativo, ainda pensei em dizer: “hummmm, o café estava ótimo. Espero por vocês no caixa”. Liguei o carrinho de compras e nada aconteceu. Estava sem bateria porque não ligaram uma tomada na rede elétrica para colocar o carrinho para funcionar. Testamos os carrinhos 2 e 3 e nada. Que falta dois dedos e um pouco de iniciativa fazem. Ninguém do estabelecimento comercial teve a iniciativa de ligar uma tomada e deixar três carrinhos “especiais” prontos para o uso. Juntos, lebres e tartaruga olharam com estranheza para aquela situação. Ninguém percebeu que era necessário recarregar os tais carrinhos. A bateria da competência profissional falhou geral. Era muito cedo para travarmos aquele diálogo crítico com o responsável por aquela situação. Fomos em busca do café.
Ao partirmos para o nosso propósito, percebemos que ali não havia opção para este tipo de procura em uma manhã de sábado. Havia apenas uma lanchonete funcionando e só poderíamos pegar iogurtes, sucos ou pães nas prateleiras do próprio supermercado. Queríamos pão-de-queijo quentinho, café com leite, manteiga, torradas, chá e quem sabe, um pedaço de bolo. Erramos de lugar. Fizemos a nossa caminhada matinal, descemos de novo a esteira parada e os carrinhos de compras permaneciam lá sem carga alguma na sua bateria. Precisávamos de um lugar extra para tomarmos café.
O projeto LUPA teve as seguintes impressões durante a nossa passagem por lá: neste centro de compras a preocupação com a acessibilidade parece não funcionar em tempo integral; a lanchonete poderia ser que nem a girafa, olhar mais do alto e oferecer, além de refrigerantes, um café ou uma vitamina aos seus clientes no início da manhã.
Sobre as cafeterias que visitamos, falo no próximo texto. Este se estendeu mais do que planejado inicialmente.

Para Dona Ângela, que produz o melhor café que tomo aqui em BH.

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