Monday, January 15, 2007

Gente e materialidade


Nas últimas semanas estive em sintonia com o meu passado e em devaneios com o meu presente. Um "que" de futuro se apresentou para mim depois de visitar Fortaleza, cidade na qual passei muitos anos da minha vida. Lá visitei pessoas queridas, revi meus colegas de bairro, presenciei conflitos familiares que se estabeleceram em diversos locais que visitei. Também tomei sol, bebi chopp e caipirinha, comi tapioca, cuscuz e caranguejo. Por certo participei da programação adulta que a capital cearense oferece. Me desvinculei totalmente das leituras e da escrita da tese por um tempo. Sei que pagarei um preço por isto, mas não sou de ferro.
Pois bem, queridos leitores (Arley, Thiago, vocês ainda estão aí?) nesta viagem que culminou com o batizado da minha sobrinha e agora também afilhada Gabriela, pude perceber as pequenas delicadezas e os improvisos que as relações cotidianas insinuam. Descreverei algumas neste texto e outras nas próximas crônicas.
Começarei falando das pequenas futilidades que insistem em ganhar dimensão maior nas nossas vidas e que não fazem sentido algum para outros: o meu irmão Antonio teve o seu celular afogado (isso mesmo, afogado) em um copo de suco pelo seu filho que tem apenas dois anos. Eu, assim que soube do ocorrido, perguntei logo como ele iria resolver o problema. Ouvi na lata a resposta: "Ôxe, eu acho é bom, assim ninguém fica me incomodando com ligações sem necessidade".
Eu, sujeito que não vive mais sem o tal aparelhinho ficava pensando na agenda telefônica cheia de telefones inúteis, na calculadora que nunca uso, na laterninha que não ilumina nada. Acho que o Tonho tá certo. Mais leveza nas interpretações do que é realmente importante nos deixaria menos tensos.
Depois encontrei com uma velha amiga chamada carinhosamente de Help. Era o dia do badalado sorteio acumulado da Mega-sena que pagaria algo em torno dos 50 milhões de reais. Passamos em uma casa lotérica e sugeri que fizéssemos uma aposta. A resposta? "Eu não, prefiro trabalhar. Se fosse um premio menor, daqueles que você ganha e compra uma casinha ou um carro, eu até topava". E continuamos a andar e relembrar antigas situações que vivenciamos juntos. Help não quer muito dinheiro, Tonho não quer celular. Aonde vamos parar?
Minha tia Beta pede a minha mãe para me dizer que desta vez ela não irá fazer um bolo que tanto gosto pois está adoentada. Em outra oportunidade esta mesma tia mandou o tal bolo para mim por meio de um amigo que veio me visitar aqui em BH. Verdadeira emoção com entrega em domicílio (via Gol transportes aéreos). Mais vale um bolo voando do que nenhum cozinhando. Alguém se preocupando com fazer bolo mesmo com a saúde debilitada? O mundo tá acabando, minha gente.
Pedrinho, outro antigo colega de bairro, perdeu a sua carteira de dinheiro pela enésima vez. Ao perceber que havia perdido mesmo, ouve de alguém que ele deve ligar imediatamente para a administradora do cartão e para o banco comunicando o fato. Os amigos riem e pergutam se há como bloquear o cartão telefônico pois Pedrinho não tem cartão de crédito nem conta bancária. Pedrinho existe. Não tomei sol demais nem bebi exageradamente.
Amanhã tem histórias de amor e de desencontros na terra de José de Alencar.

Para Tonho, que dirige não só ônibus, mas palavras de afeto e cordialidade aos que dele se aproximam.
Para Pedrinho, Neto e Roncalli, amigos de Tonho que tomo de empréstimo quando vou a Fortaleza.

3 comments:

Anonymous said...

Paulo,

Òtima crônica.ah,obrigado por você ter nos brindado com a sua deliciosa gargalhada.Já estamos todos com saudades!

Neto

Anonymous said...

Paulinho, estamos esperando as histórias de amor do Ceará. Um grande beijo de Lidiane.

Anonymous said...

leu o e-mail que te mandei? Responde criatura sumida