Eram quase onze horas da noite do dia 3 de novembro passado. Ermenegildo (Mené) estava em uma pastelaria de Fortaleza (CE) comemorando pela enésima vez o aniversário de Fausto, que desde 2001 afirma ter 33 anos. Josimar, amigo dos dois personagens também estava lá.
O celular de Mené toca. Era o seu melhor amigo, Alceu (Cecêu), que mora atualmente em Brasília (DF).
- Mené, o meu avô morreu agora à noite.
- Que pena, Cecêu! De qualquer forma foi um alívio, né?
- É...Dois meses na UTI... Muito sofrimento....
- Mené continua saboreando o pastel de carne-de-sol que começara a comer antes da ligação telefônica, muda a expressão facial e emocionado comenta com os amigos a notícia que acabara de receber.
Fausto comenta: "Logo no dia do meu aniversário?”. “Não vou esquecer disto nunca". A conversa telefônica entre Cecêu e Bené continua:
- Queria te pedir um favor, Mené...
- Pode falar...
- Queria prestar uma última homenagem ao meu vô Chico. Tem como você conseguir um sanfoneiro para tocar "Asa Branca" no sepultamento que irá ocorrer amanhã às 17h naquele cemitério central? “Asa Branca” era a música que ele mais gostava e adorava tocar uma sanfona. Praticamente fui criado pelo meu avô.
- Clario que sim, Cecêu, Deixe comigo! (Mené diz sempre “sim”, mesmo que saiba antecipadamente que não vai cumprir nada daquilo que prometeu). O sim tem o significado de “pode ser”, “quem sabe”.
- Fausto fica um pouco aborrecido com a notícia da morte de outra pessoa na sua festa de aniversário, mas o refrigerante de 2 litros que estava à mesa faz com que os ânimos se acalmem. A comilança de pastéis continua, mas o assunto agora é o pedido feito por Cecêu. A mobilização para que o Vô Chico descansasse em paz ao som de Luiz Gonzaga se iniciava ali.
- "Sanfoneiro para tocar em cemitério? Que homenagem mais doida!", disse Josimar.
- "Deixa de ser insensível, homem. Só porque no seu velório não vai ninguém, você não pode desprezar os desejos dos outros!", provoca Fausto. Josimar sai do cenário e deseja boa-sorte aos demais.
Fausto comenta: "Tá vendo? Nem para arranjar um sanfoneiro a gente pode contar com ele. Depois vai querer homenagem quando morrer". “Só pensa nele, blá, blá, blá...”.
Antes de comer outro pastel, agora de camarão, Mené liga para outro amigo.
- Heitor, tudo bem? Preciso de um sanfoneiro para tocar em um velório amanhã. Você conhece algum?
- "Não!”. "E amanhã eu acordo às seis horas para trabalhar. É só isso?". “Você não tem outros amigos para ligar a esta hora?”. Nem a morte sensibiliza Heitor, pensou Mené.
Fausto, o aniversariante ferido pela notícia de morte do avô do outro, afirma: "pertinho lá de casa tem um rapaz que é sanfoneiro. Deixe que falo com ele amanhã". “Ele vai, com certeza!”.
Mené ri e vai para casa pensando que o dilema estava resolvido e que assim como o finado, poderia dormir em paz visto que o pedido de favor do amigo estava atendido. A peregrinação pela sanfona apenas começava....
(Continua em poucos dias)
Para D.Ângela e D. Adelina, que me fazem crer que saudades não mata ninguém.
O celular de Mené toca. Era o seu melhor amigo, Alceu (Cecêu), que mora atualmente em Brasília (DF).
- Mené, o meu avô morreu agora à noite.
- Que pena, Cecêu! De qualquer forma foi um alívio, né?
- É...Dois meses na UTI... Muito sofrimento....
- Mené continua saboreando o pastel de carne-de-sol que começara a comer antes da ligação telefônica, muda a expressão facial e emocionado comenta com os amigos a notícia que acabara de receber.
Fausto comenta: "Logo no dia do meu aniversário?”. “Não vou esquecer disto nunca". A conversa telefônica entre Cecêu e Bené continua:
- Queria te pedir um favor, Mené...
- Pode falar...
- Queria prestar uma última homenagem ao meu vô Chico. Tem como você conseguir um sanfoneiro para tocar "Asa Branca" no sepultamento que irá ocorrer amanhã às 17h naquele cemitério central? “Asa Branca” era a música que ele mais gostava e adorava tocar uma sanfona. Praticamente fui criado pelo meu avô.
- Clario que sim, Cecêu, Deixe comigo! (Mené diz sempre “sim”, mesmo que saiba antecipadamente que não vai cumprir nada daquilo que prometeu). O sim tem o significado de “pode ser”, “quem sabe”.
- Fausto fica um pouco aborrecido com a notícia da morte de outra pessoa na sua festa de aniversário, mas o refrigerante de 2 litros que estava à mesa faz com que os ânimos se acalmem. A comilança de pastéis continua, mas o assunto agora é o pedido feito por Cecêu. A mobilização para que o Vô Chico descansasse em paz ao som de Luiz Gonzaga se iniciava ali.
- "Sanfoneiro para tocar em cemitério? Que homenagem mais doida!", disse Josimar.
- "Deixa de ser insensível, homem. Só porque no seu velório não vai ninguém, você não pode desprezar os desejos dos outros!", provoca Fausto. Josimar sai do cenário e deseja boa-sorte aos demais.
Fausto comenta: "Tá vendo? Nem para arranjar um sanfoneiro a gente pode contar com ele. Depois vai querer homenagem quando morrer". “Só pensa nele, blá, blá, blá...”.
Antes de comer outro pastel, agora de camarão, Mené liga para outro amigo.
- Heitor, tudo bem? Preciso de um sanfoneiro para tocar em um velório amanhã. Você conhece algum?
- "Não!”. "E amanhã eu acordo às seis horas para trabalhar. É só isso?". “Você não tem outros amigos para ligar a esta hora?”. Nem a morte sensibiliza Heitor, pensou Mené.
Fausto, o aniversariante ferido pela notícia de morte do avô do outro, afirma: "pertinho lá de casa tem um rapaz que é sanfoneiro. Deixe que falo com ele amanhã". “Ele vai, com certeza!”.
Mené ri e vai para casa pensando que o dilema estava resolvido e que assim como o finado, poderia dormir em paz visto que o pedido de favor do amigo estava atendido. A peregrinação pela sanfona apenas começava....
(Continua em poucos dias)
Para D.Ângela e D. Adelina, que me fazem crer que saudades não mata ninguém.